Tencati começa a transformar o Atlético em um time

Tomas! Donde estás com a cabeça, Tomas?

O Atlético voltou ao campeonato goiano após uma vitória de estranho significado para o torcedor rubro-negro. Ganhamos a primeira, acumulamos três pontos, mas ninguém tinha uma impressão exata do que tinha sido aquela partida. Sem poder prestigiar o time em campo, contra o Itumbiara, o torcedor reviveu os tempos iniciais do futebol, tendo que se contentar com o relato de terceiros quando o time de coração jogava em outra região ou em outro país.

Passado o constrangimento, voltamos à competição determinados a espantar a possibilidade de rebaixamento mediante a equipe da Aparecidense. Isso mesmo, a Aparecidense. Aquela equipe que despachou o Botafogo mais cedo da Copa do Brasil. Com um retrospecto desses, havia uma grande expectativa de que o futebol jogado pela equipe da Grande Goiânia fosse algo efetivamente vistoso ou exemplar.

Mas não foi isso que testemunhamos no Aníbal Batista de Toledo. A Aparecidense tem um futebol tão limitado, que não há explicação plausível para um feito daqueles. Sem muita criatividade, o time de Aparecida buscou acelerar o jogo em seus primeiros minutos, tentando pegar a nossa zaga desacordada. No entanto, a boa atuação de Kléver e Rene fizeram com que esse joguinho manjado não obtivesse sucesso.

Em contrapartida, se a evolução defensiva da equipe atleticana era satisfatória, não poderíamos dizer que fomos tão bem com a bola nos pés. Nossa transição do meio para o ataque ainda está muito longe do ideal. Existem espaços a serem preenchidos. O apoio dos volantes ainda é muito fraco, sendo recorrente a opção por passes muito longos ou a dificuldade em emendar a execução de três ou quatro trocas de bola entre os jogadores.

Ainda que Cristhyan continue mostrando ter muita personalidade e disposição, não adianta acreditar que haja algum carregador de pianos nesse elenco. Ainda mais em um grupo em que nossas opções pelas laterais simplesmente inexistem. Improvisado, Valderrama merece mais é ser poupado de críticas. Por outro lado, acredito sinceramente que Bruno Santos já pode ver de pedir as contas no clube. Não dá para aceitar em um lateral que não arrisca um drible, não acredita nas jogadas e recua a bola com tanta frequência.

Apesar disso, o Atlético teve uma evolução na etapa complementar da partida, arriscando chutes e jogadas que não tinham sido observadas em todo o campeonato. Em certa altura, muitos atleticanos acreditavam que o gol era uma questão de tempo. Principalmente após as entradas de Wesley e Tito, que finalmente estrou com a camisa rubro-negra. Mesmo com poucos minutos de jogo, ele mostrou ter boa leitura e se posicionar bem em campo.

Mesmo insistindo, o gol não saiu e o empate era quase certo. Quase, mas Tomas Bastos logo se prontificou para que não saíssemos de Aparecida de Goiânia com mais três pontos. Com um pênalti marcado no último minuto, esse cidadão peculiar resolve cobrar a penalidade no meio do gol. Time saindo de crise, jogando fora, longe da zona de classificação e o sujeito me apronta um absurdo daqueles. Suspeito até que, ao acordar, Tomas – ao invés de enxergar a si mesmo – veja a imagem do Marcelinho Carioca diante do espelho.

O empate teve sabor de derrota? Teve! Mas o jogo apontou as deficiências e possibilidades existentes no atual plantel. Ao meu ver, Tencati deveria já experimentar um esquema de jogo onde Cristhyan e Tito atuem em conjunto. Por outro lado, vai ainda quebrar muito a cabeça com volantes tão obtusos e laterais igualmente medrosos.

Aos poucos, esse amontoado vai ganhando cara de time.

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