Presidente da Federação Baiana vê eleição da CBF com mais de uma chapa

Presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF), Ednaldo Rodrigues comenta nesta entrevista à coluna sobre a polêmica em relação à assembleia que alterou o estatuto da CBF e diz ser “natural” que a próxima eleição para presidente da CBF tenha mais de uma chapa concorrendo. O dirigente ainda falou da possibilidade dos próximos clássicos entre Bahia e Vitória serem disputados com torcida única após a morte de um torcedor, na semana passada. “Torcida única contribui para que o mal vença o bem”, afirmou.

Qual a sua sobre a polêmica envolvendo a assembleia administrativa da CBF que alterou o estatuto da entidade sem a presença dos clubes?
Vejo que há dúvidas em relação ao artigo da lei. Mas na reunião, a CBF mostrou pareceres de juristas renomados apontando que não havia a necessidade da presença dos clubes na reunião. A CBF embasou a sua atitude e mostro que não havia nada de ilegal em relação à assembleia ocorrer daquela maneira. E não era apenas um e sim vários pareceres apontando esta condição.

Outro assunto muito debatido foi a mudança que manteve o poder nas federações mesmo incluindo os clubes da Série B. Como surgiu essa proposta de dar peso maior nos votos das entidades?
Foi uma iniciativa em conjunto e essa ideia já era discutida no Comitê de Reformas da CBF. O principal argumento é que os clubes estão presentes no colégio eleitoral representando apenas eles, enquanto que as federações representam os clubes de várias séries, ligas e futebol de base. As entidades têm um papel importante de fomento ao futebol de seu estado e o peso maior para as federações seria para representar todo esse conjunto. Por isso essa diferença.

Há clubes que estão se movimentando contra ao que foi aprovado nesta assembleia da CBF. Há alguma reação das federações?
Não há conversas sobre isso até porque o inconformismo deles não é com as federações e sim com a CBF. Os clubes estão no direito deles de contestar o que não estão satisfeitos. Minha avaliação é que o caminho tem que ser o diálogo, sem partir para a judicialização para resolver o problema. O diálogo é o melhor caminho.

Entre os insatisfeitos está o Bahia. Como tem sido a relação da entidade com o clube?
Aqui a divergência é superada com a conversa. E temos uma relação institucional muito boa e que tem melhorado a cada dia. Nós vamos sempre respeitar a posição de um filiado.

A escolha dos novos vices da CBF ocorrerá só em 2019 junto com a de presidente?
A eleição tem que ocorrer até abril de 2019 e a CBF tem um ano para promover o pleito. Mas isso não quer dizer que ela ocorrerá antes.

Mas já há articulação para ocupar os cargos de vice, que passará de cinco para oito?
Não existe nada para essa eleição pois há muito tempo até lá e muito coisa para acontecer.

Você é um candidato a vice?
Como o processo ainda está longe ainda não tenho nenhuma posição sobre isso. Estou focado apenas em fazer uma boa gestão na Bahia.

Acredita que possa haver mais de uma chapa na eleição da CBF? Enxerga algum grupo de oposição neste momento?
Sempre acreditei que pudesse ter. Qualquer eleição precisa ser democrática respeitando seu estatuto. Se vai haver duas ou três, só o tempo vai dizer. Mas é natural que se tenha mais de uma, faz parte da democracia. Não tenho nenhum nome para apontar como provável candidato agora, mas para concorrer precisa ter propostas concretas de melhora do futebol.

Você é um defensor de ter duas torcidas nos clássicos. Mas no último Ba-Vi teve a morte de um torcedor. Como a Federação vê mais esse caso de violência?
Foi um fato lamentável e nada que for feito trará a alegria de volta à família desse jovem. Mas foi um caso que ocorreu fora do estádio, cerca de 1 km da Fonte Nova. A Federação inovou neste ano ao colocar a divisão em 60% e 40% no clássico pois entendia que há uma harmonia entre as torcidas e esse foi um fato isolado. Tanto que 15% dos ingressos foi para um setor de torcida mista. Nossa posição é que foi uma fatalidade. A Federação não tem culpa e nem a PM.

Tem receio do Ministério Público impor torcida única no clássico entre Bahia e Vitória?
O que for decidido vamos respeitar, mas isso ofusca o que propusemos. Na semana passada houve uma reunião no Ministério Público com os clubes, nós e a PM e vão tomar uma decisão, acredito que até terça. Espero que seja a mais sensata possível. Mas na minha visão, torcida única contribui para que o mal vença o bem.

Fonte: De Prima