Como o Atlético-PR se tornou o maior obstáculo nos planos da Globo

Após fechar contratos com mais de vinte clubes para o Brasileiro-2019, a Globo tem como desafio acertar acordos de TV Aberta e de pay-per-view com os times que estão com o Esporte Interativo. E, nesta negociação, o Atlético-PR tornou-se o maior obstáculo para a emissora, pois articulou para que os times atuem em grupo e tem questionado o sistema de pay-per-view. Se o grupo não assinar o ppv, pode tornar o pacote pouco atrativo para a Globo e seus assinantes.

No ano passado, a emissora global acertou contrato com mais de vinte clubes para a TV fechada do Brasileiro da Série A, além da TV aberta e ppv. Já  o Esporte Interativo assinou com outras 15 agremiações só para o canal a cabo – eles poderiam negociar as outras plataformas com a Globo.

Na TV aberta, Atlético-PR, Coritiba, Santos, Bahia e provavelmente o Palmeiras (o alviverde ainda não confirmou), que formam o novo grupo, devem ter uma negociação mais fácil, já que as cotas são divididas com critérios iguais para todos. A questão é o ppv, onde há discordância forte.

A Globo determinou que a divisão é pelo número de assinantes que declaram torcer para cada clube em um critério de pesquisa. Mas garantiu um mínimo para o Flamengo de 18,5% do total a ser distribuído, e cota similar para o Corinthians, mesmo que eles não atinjam esse percentual (há outra versão de que a garantia é em número absoluto de dinheiro correspondente a esse percentual, mas é fato que ela existe). Os dirigentes do Atlético-PR fizeram a conta e viram que o clube carioca ganharia R$ 6,4 milhões, contra R$ 300 mil do Furacão por jogo, e consideram a vantagem exagerada.

A posição radical dos paranaenses é de que, com esse modelo, não assina até porque sua perda financeira não será grande e pode criar um canal de streaming. O Atlético-PR entende que a Globo tem que usar o percentual que ela tem direito para melhorar a oferta para os clubes do Esporte Interativo. Isso porque a emissora fica com 62% do total arrecadado com o ppv, e os clubes ficam com 38%. Os times têm um mínimo garantido que será de R$ 700 milhões em 2019, ano do início do novo contrato.

A Globo argumenta que já mudou a distribuição das outras cotas para tornar tudo mais igual. E que o critério do ppv tem que ser mantido porque é justo por ser medido de acordo com a participação de cada torcida. Além disso, alega que não dá para ter um salto radical do modelo antigo para o modelo inglês que é com critério igual para todos. Além disso, por lá não há ppv.

Outro argumento do Atlético-PR é de que o custo da Globo para operar o ppv é bem baixo, isto é, não se justifica ela ficar com pouco menos de dois terços da renda do ppv, o que chegará a R$ 1,1 bilhão só com o canal pago. A emissora, em contrapartida, alega que a despesa operacional é alta, sim, com pagamento a operadoras, em material jornalístico para o canal e na produção das transmissões.

O grupo de clubes tem a intenção de contratar uma empresa ou um executivo somente para discutir os contratos com a Globo. A emissora estava um pouco confusa porque esses times, inicialmente, estavam conversando em separado e juntos ao mesmo tempo. E, por exemplo, clubes como o Bahia teriam bem maior perda financeira sem o ppv já que tem maior participação de torcedores. Agora, o clubes unificaram o grupo e devem falar em uma voz.

Já é a segunda vez que o Atlético-PR adota posição forte e atrapalha os planos da Globo. A emissora ofereceu uma cota de R$ 1 milhão para o clube e para o Coritiba pelo Estadual, o que foi recusado. Deste episódio resultou na tramissão online do clássico que gerou uma adiamento de jogo e uma grande discussão sobre o assunto. Apesar das divergências, as duas partes continuam conversando para tentar chegar um acordo.

Fonte: Blog do Rodrigo Mattos