Chevrolet distribuiu Camaros amarelos aos clubes, saiba o que o Atlético fez com o dele

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e a Chevrolet, que patrocinava o Campeonato Brasileiro, distribuíram Camaros amarelos para os clubes participantes da Série A de 2017. E os veículos tiveram destinos diferentes, como passeios dos cartolas com o carrão, devolução, adaptação para uso em eventos com sócios e até mesmo o abandono.

A equipe da ESPN apurou junto às agremiações que fim levaram os automóveis, cerca de seis meses após o recebimento dos Camaros amarelos.

Procurada, a CBF diz que os presentes foram uma iniciativa da Chevrolet, em seu último ato como marca que batizava o Brasileirão – a cada ano do contrato em vigor com a montadora, os times da primeira divisão foram contemplados com um veículo diferente, a critério da própria empresa, sempre cedidos em comodato por um ano, como um Cruze cedido aos participantes de 2016.

Já os clubes disseram à reportagem que receberam o carro da Confederação junto à montadora. E é curioso comparar o que aconteceu com os Camaros de 2017 em posse das equipes.

O Atlético-GO foi mais um que optou por trocar o Camaro por outro modelo mais discreto. “Usamos para trabalhos do clube. É de grande utilidade”, disse o presidente Maurício Sampaio. A equipe pegou, no lugar, um Cruze.

O Avaí de início considerou que gasta muito combustível, além de ser chamativo. Mesmo assim, foi usado pelo presidente Francisco Battistotti e diretoria durante o Catarinense em jogos mais próximos, ou em deslocamentos para a sede da Federação. Contudo, pela improdutividade do veículo, o mandatário pensou em colocar à disposição dos sócios, mas desistiu e hoje deixa estacionado na garagem da Ressacada. O dirigente também tentou trocar com a Chevrolet por outro modelo, mas não obteve êxito.

Corinthians e o Atlético-PR foram os únicos entre todas as equipes procuradas que não sabem o paradeiro do Camaro atualmente.

O futebol baiano foi o lugar onde o Camaro amarelo acabou sendo melhor aproveitado. O Vitória, por exemplo, estampou seu símbolo nas laterais e criou uma ação junto a sócios-torcedores em dia com os pagamentos, em que eles participam das iniciativas e concorrem a passear dentro do luxuoso automóvel nos dias de jogos, indo até o Barradão de carona no carrão.

Já o Bahia, assim como outros times, recebeu o modelo Cruze ainda na gestão do presidente Fernando Schmidt, eleito para mandato-tampão, mas devolveu por julgar ser ‘jabá’ – presente em troca de vantagem, prática condenada no clube, especialmente, após a identificação de diversos gastos feitos por gestões anteriores junto a profissionais da imprensa.

Na Chapecoense, por exemplo, o clube ficou temeroso por mandar adesivar o carro com o distintivo do time catarinense, uma vez que vai precisar devolver. Além do que, percebeu que o automóvel “bebe muita gasolina”. Assim, ficou encostado e foi preterido por modelos mais populares.

Em Belo Horizonte, o Cruzeiro afirmou que “o Camaro chegou usado, não era zero quilômetro e não costuma ser utilizado”. No entanto, a equipe tem também um Cruze – outro veículo cedido anteriormente ao Camaro pela Chevrolet – que constantemente vai às ruas. E foi usado, inclusive, para buscar Sassá no aeroporto em sua contratação.

O Atlético-MG achou que o Camaro ia atrair muita atenção e, por isso, pediu para a montadora para trocar por um modelo menos “chamativo”. Já o América-MG disse que recebeu, mas pouco ficou com ele pois teve que devolver por ter sido rebaixado à segunda divisão, mas que “cuidou bem do carro porque estava em comodato”.

O Coritiba ficou com receio de causar danos ao Camaro amarelo, o que traria despesas, uma vez que o automóvel foi cedido em comodato. Para preservar o patrimônio e não correr riscos de prejuízos, o clube fez um seguro específico do veículo. O departamento de marketing até estudou algumas ações, mas acabaram não sendo realizadas.

Em Campinas, a Ponte Preta mantém o Camaro guardado dentro do Moisés Lucarelli e recorre ao automóvel quando precisa buscar jogadores em hotel, além do presidente. Somente motoristas ou funcionários assumiram a direção do veículo, que virou atração dentro do time do interior.

No Sport Recife, a reportagem apurou que o filho do presidente e atual diretor de futebol Rodrigo Barros é um dos que utiliza o carro, o que provocou controvérsia interna. O mandatário Arnaldo Barros, por sua vez, aponta que faz uso exclusivo do carro, que tentou trocá-lo, mas não foi atendido. “A cessão do Camaro em nada ajudou o Sport”, reclamou o dirigente.

Sem ser presenteado, um dos rivais de Pernambuco ironizou o agrado recebido pelo Sport. “O Santa Cruz não foi contemplado com tal benesse pela CBF. Aliás, mesmo que fizéssemos jus a esse presente, não é do nosso perfil andar de Camaro ou qualquer veículo do gênero”, disse o presidente Alírio Moraes.

Já no Palmeiras, o presidente Maurício Galiotte, além de pessoas do alto escalão alviverde, foram vistas utilizando o carro para ir a jogos da equipe no Allianz Parque.

O São Paulo estacionou o Camaro no Morumbi, tirou uma vez para ir ao CT Barra Funda e retornou ao estádio, onde desde então está parado, sem ser usado por ninguém. O Flamengo, por sua vez, não viu utilidade para o veículo e mandou devolver cerca de 20 dias atrás, enquanto o Fluminense aponta que foi pouco usado, encontrando-se hoje encostado no estacionamento das Laranjeiras.

O Botafogo, por sua vez, admitiu que alguns dirigentes usaram o automóvel após o recebimento junto à CBF. O clube apontou que o carrão encontra-se parado na garagem do shopping contíguo ao clube e raramente é usado pela diretoria, ?para não dizer que nunca foi utilizado’.

Por ter sido rebaixado à Série B, o Internacional foi o único grande clube que não recebeu o presente.

Enquanto isso, no arquirrival Grêmio, o carro é usado apenas quando os veículos de trabalho apresentam algum problema ou estão ocupados. O presidente Romildo Bolzan utilizou duas vezes, quando o seu carro pessoal teve de ir para a oficina. O cartola, no entanto, confidenciou ter achado a situação “constrangedora”.

Santos foi outro que permitiu o uso por parte de seus cartolas – como o diretor Dagoberto dos Santos, membros do Comitê de Gestão e também o chefe dos motoristas -, mas isso tem incomodado membros do Conselho, pois o time alvinegro é parceiro da Volvo e recentemente ganhou da patrocinadora dez veículos de luxo para uso de seus dirigentes.

No Vasco da Gama, por exemplo, relatos que chegaram à ESPN apontam que Eurico Brandão, o Euriquinho, filho do presidente cruzmaltino Eurico Miranda e hoje vice de futebol, é um dos que aproveitou o carro.

Com 38 anos, ele foi visto várias vezes chegando a São Januário de Camaro amarelo, em fato que chamou a atenção até de torcedores, que relataram nas redes sociais. Oficialmente, o clube diz que o veículo está, hoje, estacionado embaixo da sala da presidência.

Fonte: ESPN