Doriva no Atlético Goianiense: que comece a contagem regressiva

Doriva fez um grande gesto ao assumir o time do Atlético Goianiense. Tinha feito bons trabalhos, teve uma passagem meteórica no São Paulo e, por último, segurou as pontas em um combalido Santa Cruz. Ao aparecer por aqui, possuía uma clareza enorme sobre a situação do time e nunca fez algum tipo de afirmação que fugisse da nossa própria realidade. Por mais que alguns não gostem do seu estilo defensivo, acredito que era um nome muito apropriado para a situação que vivenciamos nesse ano.

Quando chegou na cidade, teve a imensa sorte de pegar a equipe após conquistarmos a nossa primeira vitória contra a Ponte Preta, em casa. Para um grupo completamente desacreditado, aquilo era um enorme alívio. Nisso, ele teve que encarar o time do Cruzeiro, fora. A equipe foi bem nas situações defensivas, mas não esboçou qualquer tipo de ameaça contra o time de Minas. Voltamos para a Goiânia, fizemos mais um outro jogo bom e conquistamos mais três pontos contra o Avai, um ‘adversário direto’.

A partir disso, ficou claro que o retorno para o Olímpico nos deu uma nova percepção. Em tese teríamos toda a condição de ganhar em casa e sofreríamos fora daqui. Mas então veio o jogo contra o Atlético Paranaense e aquela derrota, em casa, temperada com uma enxurrada de oportunidades desperdiçadas, parecia ser a prova de que essa nova tese era um tanto quanto simplista. A falta de objetividade e o medonho apagão do segundo tempo surgiram para nos lembrar que nossos problemas ainda são grandes, enormes.

Daí voltamos a ter uma sequência duríssima: Palmeiras e Vasco. Tudo fora de casa. Ciente disso, acreditava que a conquista de um único ponto pudesse fazer essa jornada um pouco menos dolorosa. Mas o futebol nunca se resume aos resultados, aos números. Jogamos em São Paulo, perdemos boas chances no começo e desaparecemos no segundo tempo. Partimos para São Januário e o apagão se tornou a própria realidade do jogo, fazendo as três derrotas terem enorme peso.

Agora vamos voltar para os nossos domínios, para encarar Santos e Vitória. Um saldo positivo inferior a três pontos ganhos vai ser motivação suficiente para que a permanência de Doriva seja fortemente questionada. Até acredito que ele não tenha feito boas opções de mudança na equipe e que alguns vícios irritantes ainda se mantenham em campo. Mas o que realmente incomoda é vislumbrar a possibilidade de o time vir a ter três técnicos diferentes antes de alcançarmos a metade do Campeonato Brasileiro.

Quando Marcelo Cabo caiu, muito se disse que o problema era o estilo de comando do nosso antigo técnico. A impressão que a diretoria quis nos passar era o seguinte: fizemos a melhores contratações possíveis, agora é achar alguém que consiga transformar os ânimos dessa equipe. Chegou-se ao ponto de falar que o nosso problema não era de ordem técnica, que não era o planejamento ruim. O problema era que alguns jogadores estariam ‘assustados’ por estarem disputando a mais importante competição do futebol brasileiro.

Se o problema do Atlético fosse meramente motivacional, bastaria contratar um desses coachings motivacionais que pululam em certas áreas do mundo corporativo. Era só fazer um discurso de alta carga emotiva antes da partida e esse elenco de gritantes limitações se transformaria em um grupo de guerreiros. Mas creio que muita gente por aí saiba que o buraco é bem mais embaixo. No entanto, como todo mundo adora um bode expiatório, Doriva passa a ser a bola da vez. Sinto informar, mas sua batata já está assando, professor.

Fonte: ESPN FC