CBF reúne clubes para explicar exigências para o licenciamento

O diretor de registro, transferência e licenciamento de clubes da CBF, Reynaldo Buzzoni, se reuniu nesta terça-feira com representantes dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro para esclarecer os pontos do recém-lançado manual com exigências mínimas de estrutura e padrões para os participantes da competição. As medidas começam a ser implementadas em 2018, mas a maior parte das exigências só será cobrada no ano seguinte. Cada clube terá de indicar dois estádios onde mandará seus jogos na competição.

Entre as novas regras, a obrigatoriedade de os clubes possuírem um centro de treinamento, cuidados com os gramados, posição e tamanho do banco de reservas, proibição de treinamento em estádios e outras. Também participou da reunião Ênio Gualberto, gerente de licenciamento de clubes da CBF, que será o responsável pela relação direta com os clubes na fase de implementação.

– Vieram as pessoas que estão responsáveis pela área de licenciamento em cada clube e estamos mostrando como funcionará o processo. Está sendo bem produtivo. Tem a questão da gestão profissional, envolve questões de estatuto, a gente explicou o que quer, apresentar quais são as responsabilidades de cada cargo, ainda teremos a parte financeira e estrutura – explicou Buzzoni.

Buzzoni esclareceu ainda que o treinamento em campos anexos a estádios, como há em São Januário e no Nilton Santos, no Rio de Janeiro, não será proibido. A restrição é para treinos no mesmo gramado onde o clube joga. Compartilhar demais instalações de jogo, como vestiários e área médica, para o uso nos treinamentos, também não é problema.

– A gente orienta que o clube tenha um local de treinamento separado do campo onde ele joga. Pode ser um anexo. Não pode treinar no gramado que joga. Então, se o clube hoje não tem essa condição, ele vai ter de buscar. Estamos começando de uma forma educacional esse ano, então ele vai ter de providenciar um CT, alugar um, ou até apresentar um projeto à CBF. O Botafogo parece que tem um projeto novo de CT. Ou seja, eles vão ter de se adaptar – disse Buzzoni.

Já no dia 22 de outubro, os clubes terão de apresentar documentação à CBF para que seja enviada à Conmebol que, no fim do ano, fará uma reunião na entidade com representantes dos seus dez países membros justamente sobre o licenciamento de clubes no continente. Até esta data, os clubes devem entregar todos os demonstrativos financeiros relativos ao ano passado e um organograma do funcionamento da gestão do clube.

Para 2018, os clubes também terão de enviar informações detalhadas sobre suas categorias de base, como organograma, currículo dos profissionais, estrutura disponível, orçamento destinado para a área e mapa das competições disputadas por cada categoria. Até 30 de janeiro de 2018, os clubes serão obrigados a apresentar seus orçamentos para a próxima temporada. Após o término de cada trimestre no próximo ano, a CBF exigirá um demonstrativo com a comparação entre o que estava no orçamento e o que foi realizado.

– A grande maioria tem uma gestão profissional. Dos 20 representantes, 19 são remunerados dos clubes que vieram aqui (somente o Botafogo enviou seu vice-executivo Luís Fernando Santos). Então 80% dos clubes têm um organograma, mas não divulga, não se sabe a função da pessoa, isso que a gente está pedindo. Não haverá ingerência da CBF sobre o clube, mas que explique como funciona. Quem responde pelo orçamento? O diretor financeiro ou o presidente? Essas coisas que queremos saber.

Sobre os estádios, Buzzoni afirmou que a indicação de pelo menos dois locais de competição é exigência da Conmebol e que a preocupação é essencialmente com a capacidade do estádio para, por exemplo, fases finais de competições continentais.

– A questão dos dois estádios é que a Conmebol exige isso por causa da capacidade do estádio. Vamos dizer o caso do Flamengo, que joga na Ilha do Urubu. Se passa para uma fase maior, ele tem de jogar em um estádio maior, então já tem de indicar um outro estádio. É isso que a Conmebol pede. A decisão de não poder mandar jogos fora de sua praça no Brasileiro foi do Conselho Técnico, não sei como fica para o ano que vem, vão decidir, o que pode haver é que estádios como Brasília, Manaus, o próprio Pacaembu, onde não se joga regularmente hoje, eles possam ser licenciados dentro da diretoria de competições para receber jogos da competição. Se for liberado, pode até indicar três ou quatro estádios, desde que esteja licenciado.

O cartola da CBF prometeu rigidez com relação a prazos:

– No primeiro dia que começamos a falar de licenciamento, trouxemos o diretor da UEFA é uma das coisas que ele falou foi “último dia é último dia”, e foi essa mensagem que passei hoje. Você tem que mandar, você tem quem mandar. Acho que os clubes precisarão se adaptar, mas que isso (ter problema) não vai acontecer. Tem algumas informações que só vamos pegar no ano que vem. A Conmebol exige que a gente mande informações dos clubes licenciados em 30 de novembro, então os clubes precisam mandar algumas informações até o dia 22. Mas a parte financeira eles não têm ainda fechado, então jogamos isso para janeiro.

Vice-executivo do Botafogo, Luís Fernando Santos não viu maiores problemas para o clube com a implementação dos critérios de licenciamento. Descreveu a reunião como tranquila:

– Foi só uma reunião para acertar o manual, entender o manual, dúvidas muito leves que tinham. O manual está muito claro. Dá para cumprir tranquilo.

Representantes de Corinthians, Cruzeiro e Grêmio também mostraram tranquilidade para cumprir os requisitos e elogiaram a iniciativa da CBF. A ideia é que a licença de clubes vai melhorar a administração futebol brasileiro e o nível da Série A.

– Essa iniciativa é um passo além daquilo que vem acontecendo dentro da Conmebol. Os critérios que a CBF vai adotar são até mais rigorosos, mas é fruto da estrutura e infraestrutura do futebol brasileiro que acabou de receber uma Copa do Mundo. Acho que isso é muito importante para os clubes, é muito importante para o nosso negócio. Acho que se os clubes se conscientizarem dessa importância, a gente vai ter melhores campeonatos e uma melhora signficativa do futebol – afirmou Marcone Barbosa, diretor de marketing do Cruzeiro.

Exigência apenas para 2019, o futebol feminino é uma das preocupações, como destacou Paulo Henrique Pinheiro, responsável pelo departamento jurídico do Atlético-GO.

– A preocupação do Atlético-GO é, principalmente, em relação ao futebol feminino, porque a realidade do estaado de Goiás ainda está bem atrasada em relação ao restante do país. Não tem ainda uma fomentação específica dos próprios campeonatos regionais. O Atlético é favorável, é claro, que o futebol feminino se desenvolva, mas temos essa preocupação de não conseguir cumprir esse requisito objetivo – explicou Paulo Henrique.

Fonte: Globoesporte