O Jorginho não é 10

No mundo do futebol, estamos acostumados a atribuir cada número de camisa a uma posição tática. No caso da camisa 10, geralmente nos vem a ideia de um meia-ofensivo, que atua mais centralizado, abastecendo os atacantes.

No atual esquema tático do Atlético, no caso o 4-2-3-1, temos na linha de meias Gilsinho e Magno Cruz abertos e Jorginho na posição 10.

Jorginho chegou ao Atlético em 2013 e de cara chamou atenção de todos. Jogador talentoso, envolvente e que aparece bem para finalizar. Passou a atuar na pontas, tendo a camisa 10 a cargo de João Paulo. O ano não foi brilhante para Jorginho, mas foi uma temporada promissora.

Em 2014, o ápice. Jorginho fez sua grande temporada como jogador profissional. Fez 55 partidas e anotou 10 gols. A posição? Na maior parte do ano jogou nas pontas. No Goianão, ainda, Jorginho conseguiu se destacar em outra posição: segundo atacante. O título do Estadual veio com o excelente Fábio Lima como 10. Na Série B, Lima saiu do Dragão. Assim, Jorginho passou a ser o dono da posição. Resultado? Queda de rendimento. Mas o ano foi tão bom para Jorginho que a queda até que não foi muito considerável. Para melhorar, Thiago Primão foi contratado no segundo turno e, apesar de usar a numeração 8, fazia a função de 10. Jorginho foi novamente deslocado para a ponta e o Atlético teve uma arrancada impressionante. Por pouco não conquistamos o acesso.

Devido ao ótimo rendimento, Jorginho chamou atenção de vários clubes do país, mas preferiu tentar a sorte na Coréia do Sul. Não deu certo e voltou para o Dragão para a Série B. A partir de então, Jorginho não rende o esperado.

Infelizmente, desde 2015, nenhum 10 se firmou e coube a Jorginho fazer às vezes. De vez em quando ele até faz um bom jogo, mas depois passa mais de 5 jogos passando raiva no torcedor.

Culpa dos treinadores? Acredito que não. O problema é que não aparece um 10 de qualidade. Esse ano, por exemplo, nenhum jogador pra posição foi contratado. Magno Cruz, Luiz Fernando e Schuster não são desta posição. São jogadores que atuam mais abertos. Schuster, aliás, atua melhor como volante. Marquinho, contratado por último, também é um jogador que atua pelos flancos.

Apesar da grande campanha, não temos um camisa 10 de destaque. Jorginho já provou sua qualidade e importância, mas nesta posição não se encaixa. Trata-se de um jogador muito franzino que não aguenta a marcação mais forte no meio. Deve jogar pelas pontas, fugindo do contato físico.

Qual a solução? Não sei. Jorginho está mal, mas não tem outro pro lugar. Alterar esquema tático? Acho difícil mudar a estrutura de um time com uma campanha desta. Schuster poderia entrar na vaga, ficando o time com 3 volantes. Mas precisa de testes. Arriscado tentar novo esquema nessa fase decisiva do campeonato.

O problema não é para mim, é para Adson Batista e Marcelo Cabo.

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