Paulo Maskote
A caverna do Dragão voltou!!
Parecia um sonho chegar pela Avenida Perimetral e ver uma fila gigante de torcedores para comprar ingresso, torcedores aglomerados em torno da cerveja e do espetinho na entrada da avenida 24 de outubro, passar aquela catraca, pessoas se espremendo pra ver o jogo no alambrado, não deixando um espaço sequer. Perae, estaríamos no filme de “Volta para o Futuro”? Negativo.
Não tinha nada de ficção no que ocorria nesse dia 16 de janeiro de 2016, foi bem concreto e objetivo, o que vimos foi o clamor da torcida atleticana sendo atendido:“Queremos o Atlético no Accioly, ali foi feito pra ter jogo de futebol do nosso Dragão.”
O Accioly está em reforma. Um simples amistoso e uma torcida apaixonada. Não tinha nem lugar, mas nós nos ajeitamos, afinal é no Accioly que todo mundo se sente em casa.
Está mais do que provado o porquê da importância da volta do Accioly para o Atlético e para nossa torcida. No Accioly não tem jogador que faça corpo mole, que xingue torcedor, não tem cronista e jornalista desrespeitando o Dragão, e nem dirigente com coragem pra falar mal da nossa torcida.
Aliás, nossa torcida teve que ouvir todo tipo de impropério contra ela, foi castigada nos últimos 5 anos, nos chamaram de “torcida de pijama”, ouvimos que “O Atlético não tem torcida” e que “Com essa torcida não dá pra tocar o time”. Pois está aí a resposta, é só o time jogar em casa que a torcida comparece. Isso mesmo, nossa casa é Campinas, é o estádio Antônio Accioly.
O torcedor atleticano compareceu em mais de 2.350 pessoas (Sim, 2.350 foram só os ingressos vendidos, fora os que entraram quando abriram os portões no segundo tempo). A tal da torcida vilanovense, cantada em verso e prosa pela imprensa vermelha, não colocou a metade de torcedores em amistoso realizado no mesmo horário, e olha que eles estavam fazendo a estreia do Wendell Lira (gol mais bonito da FIFA) com a camisa deles.
Só sei que Campinas estava em festa e eu não fiquei de fora. Uma turma de senhores cantava como adolescentes na porta do estádio “A Moçada de Campinas tem uma velha transação, agitar no Pedro Gomes e Torcer pelo Dragão!”.
A força do Dragão em sua casa podia ser vista na imagem de senhores andando com muita dificuldades, de bengala, pessoas de cadeira de rodas, gente que tinha vindo de Aragoiânia, Trindade, Goianira, famílias inteiras em êxtase com a volta do Atlético pra sua casa após 6 anos, afinal no Accioly o povo vai de todo jeito.
Desde 2010 não tínhamos sequer um amistoso no Accioly. Tinha gente como o meu amigo Bira que nem o jogo assistiu direito, era pura felicidade de estar ali com seu pequeno filho, um pequeno atleticano que nunca tinha ido ao nosso estádio.
E jogo no Accioly movimenta Campinas, depois do jogo tem a resenha, Carne de Sol do Sergim, Bar do Marquim, Espetinho do Tom, galera da Organizada reunida (e aliás deram show na bateria durante o jogo), enfim, jogo ali são outros 500.
A torcida mostrou que a reforma do estádio Antônio Accioly vai ser fruto também do seu empenho, com o dinheiro arrecadado nos amistosos a torcida já vislumbra o primeiro jogo oficial no Accioly ainda nesse campeonato Goiano.
Por fim, essa vitória que é o retorno ao estádio Antônio Accioly, dedico a alguns atleticanos que nos deixaram recentemente, no ano de 2015, que se aqui estivessem estariam muito felizes, Marcela Godinho, Pedrolino Carreiro, Justino Passos e Gilson Mundim.
E como trilha sonora desse “post” fica a musica de Luis de Moraes, sobre letra do saudoso “Escurinho” ou “ Don Escuro” (https://www.youtube.com/watch?v=PYLD8aMo8qE), atleticano e figura lendária de Campinas, sobre o berço do Atlético, que diz: “Champs City Chicago, Chicago, Campinas. Campinas é uma cidade diferente!”.
Paulo Maskote
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