A festinha é pra quem mesmo?

É festa, mas parece uma cilada! (Crédito: Getty Images)

O time faz aniversário e está com o calendário livre. Eis então que surge a genial ideia: vamos marcar um amistoso com o Flamengo! A ideia é perfeita: você pega um dos mais caros elencos do Brasil e faz um duelo que, inegavelmente, tem muito a ver com a história do seu próprio time. Gostando ou não, a inspiração primeira para a criação do Dragão Campineiro partiu de um grupo de pessoas que torciam para o Flamengo.

Até aí tudo bem. Nada a reclamar. Parabéns aos envolvidos.

Contudo, não é de hoje que a nossa capacidade de elogiar as ações que poderiam acolher a nossa torcida não passam da “página dois”. Acertado o confronto, o que eu esperaria para esse evento comemorativo? Duas coisas muito simples: um ingresso com valores módicos e uma festa que privilegiasse somente os torcedores do Atlético Clube Goianiense. Na prática, isso significaria ingresso com valor único (R$ 10 tá bom, né?!) e a exigência de uso da camisa do time para adentra o Estádio Olímpico.

Mas aí chega a “página dois” da nossa festa anunciando um ingresso de R$ 60 e uma carga de ingressos liberada para os torcedores de ambas equipes. Levando-se em conta que nenhum time goiano está na Primeira Divisão, o desfecho dessa festa a gente bem sabe qual vai ser. Teremos uma invasão de flamenguistas que, ávidos em assistir Diego e Vinícius Júnior, irão naturalmente obliterar o que deveria ser uma festa campineira.

É nessas horas que eu, você e todo mundo que acha essa história esquisita lembrar que, no futebol, as coisas não funcionam dentro dos critérios razoáveis de normalidade. Não importa o fato de não termos uma ação comemorativa decente pelos oitenta anos, não importa termos feito uma campanha sofrível no ano passado, não importa se não conseguimos chegar nas semifinais do estadual. Dirigente só fala e pensa em histórico se for para agraciar a si mesmo e mais ninguém.

Fazendo uma festa com uma premissa tão legal, era hora de fazer preço de ingresso normal e pensar em lotação máxima do Olímpico? Ao meu ver, não. Essa era uma boa hora de anunciar o lançamento do programa de sócio-torcedor que foi prometido para esse ano. Ou então, pensando em nosso famigerado “marketing”, era hora de vincular a renda dessa partida com o levantamento de fundos para a própria ampliação do Estádio Antônio Accioly.

Chega um ponto que, de tão óbvias, me sinto mal em defender tais possibilidades para o formato e a destinação de uma festa atleticana. Mas, aos que se dispuserem a ir ao jogo, desejo tudo de bom e de melhor. Devemos sempre lembrar que a paixão do torcedor atleticano sempre justificará esses e outros absurdos. No fundo, é sabendo dessa paixão incondicional que muita gente má intencionada, ou no mínimo insensível, faz toda uma carreira no mundo do futebol.

Atleticano, vá o jogo. Divirta-se!

Mas vá sabendo que você só entrou na festa porque pagou pelo ingresso, e não por ter sido honrosamente convidado para ela.

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